Seu Negócio

Ou seja, é um caminho certeiro para resistir e não desistir do seu negócio, porque tende a atingir pessoas novas e, consequentemente, gerar mais venda e renda.”

A especialista vai além e explica que é uma colaboração que pode sim ter múltiplos formatos. E, pode (e deve) ser a união de dois (ou mais) pequenos – comerciantes, marcas, profissionais liberais, que se juntam porque encontram no outro algo que precisaria desenvolver ou criar, sem falar no valor empregado dessa troca. Ao invés de ir atrás de um fornecedor de embalagem e gerar mais consumo de papel e plástico, a boleira pode, por exemplo, transformar os panos de prato ou caixinhas de artesanato de sua vizinha. Tornando assim em um modo criativo de envolver seus produtos e gerar valor a eles com gestos simples como bilhetinhos feitos à mão, que podem reforçar esse encontro, contar mais do trabalho e, claro, divulgar o contato de ambas.

Duas empresas que atuam no mesmo segmento podem se unir também? Claro! Foi o que aconteceu na collab entre a hamburgueria Bullguer e a Mbee, especialista em meles nativos do Brasil, que juntos, criaram o Chicken Hot Honey, uma releitura de um famoso sanduíche de frango frito americano, com o desenvolvimento de um mel único para a ‘brincadeira’. Ou seja, teve valorização do conhecimento de cada um dos envolvidos, além de ressaltar produtos e produtores brasileiros engajados com nossas riquezas e sustentabilidade.

Nem só de união de marcas se faz uma collab. O empreendedor também pode se juntar a pessoas: um bom exemplo foi a sorveteria paulistana Gelato Boutique que desenvolveu um sabor especial com Thamires Roxo, do blog BoccaNervosa (@boccanervosa no Instagram). A ação pode até ser considerada visionária para a época que aconteceu, já que hoje ainda é uma tendência no mundo da alimentação: foi em 2019, ficou em cartaz por um mês e comemorava os 10 anos do site.

Outra dica é se espelhar no que fez, recentemente, a lanchonete Maialino, também da capital paulista, que lançou em novembro um sanduíche com Fred Sabbag (@fredsabbag), um advogado que adorava compartilhar nas redes sociais as suas experiências de comer e beber e acabou se tornando um influenciador de gastronomia.

Exemplos de nichos totalmente diferentes só reforçam o quão promissor é o caminho para quem está disposto a colaborar. A Rome Sweet Rome, plataforma dedicada à cultura gastronômica de Roma, percebeu a tendência e viu que, além de compartilhar experiências ligadas ao comer e beber bem na capital italiana, poderia levá-la para a casa e o cotidiano das pessoas – sobretudo em um momento em que o setor das viagens vive um momento delicado. Com a Store Wonderwall, marca paulistana pequena mas bem conhecida na internet, nasceu uma coleção dedicada à carbonara, prato ícone da Cidade Eterna, com itens como xícaras, copos, ecobags, camisetas, guardanapo de cozinha, meia, máscaras de proteção, etc.

Já a chef Silvia Percussi, do Vinheria Percussi, em São Paulo, por meio de seu site La Percussi, criou o Papo & Panela, com María Laura Babikian, do O Caminho do Encontro, um projeto dedicado ao universo da mulher 50+. Trata-se de uma série de encontros online, debatendo assuntos como mercado de trabalho, vida pessoal, sexualidade, tabus, saúde, autoestima, entre outros. Enquanto conversam, Silvia vai preparando uma receita que ‘case’ com o tema e, no final de cada aula, os participantes recebem um PDF, por e-mail, com a receita e o conteúdo do dia. “Esse encontro me reforçou algo que eu já acreditava, mas que ainda é algo que precisa extravasar e ganhar corpo no mercado: o chef não precisa só ficar só na cozinha, não precisa só criar receitas. É tão bonito criar, agregar, dialogar com outros profissionais, com marcas, com pessoas…”, conclui Silvia.